Auto da Barca do Purgatório

O Auto da barca do Purgatório é uma peça teatral de Gil Vicente, escrita em 1518. Apresenta uma uniformidade na condição social das personagens, que são de pessoas de condição humilde e cujo destino é o seguinte:

  • Ficam na praia purgatória, expiando pequenas faltas até merecerem a glória:
    • um lavrador, que se apresenta de arado nas costas, explorado por todos e cujas fadigas e sacrifícios evitam a sua condenação;
    • Marta Gil, uma regateira, que praticou pequenas faltas;
    • um pastor que, embora crente, cedeu às tentações;
    • uma pastora menina, que também terá de expiar pequenas faltas.
  • Vai para o céu um menino de pouca idade que nem chegou a pecar.
  • Vai para o inferno um “taful” (jogador), batoteiro e mentiroso.

Neste auto há cenas cômicas, como a entre o taful e o diabo que jogam cartas na parte final da peça. Há também uma personagem cômica, Marta Gil, faladeira, sempre com uma justificativa na ponta da língua e sempre movimentando as ancas, o que constitui motivo de graça. É bem instrutivo.

Este auto foi representado à rainha D. Leonor no Hospital de Todos os Santos na cidade de Lisboa, nas matinas do Natal.

Personagens: Anjo (arrais do céu), Diabo (arrais do Inferno), Companheiro do Diabo, Lavrador, Marta Gil (regateira), Pastor, Moça Pastora, Menino, Taful, Três Anjos.

Argumento: Todos os defuntos pretendem embarcar na barca do Anjo. O Lavrador, a regateira Marta Gil, o Pastor e a Pastora (representantes do povo) são condenados a expiar os seus pecados no Purgatório. Com o arrais do inferno segue o Taful. Apenas o Menino embarca com o arrais do céu.

Romance Remando vão remadores

Remando vão remadores é um romance que surge logo no início da peça. É cantado, segundo as indicações do autor, por três anjos segurando remos. É apontado como sendo uma adaptação de Gil Vicente do famoso romance popular Barca Bela, ainda hoje cantado como canção de Natal ou Reis[1]. Apesar da melodia não ter chegado à atualidade, o compositor português Frederico de Freitas escreveu música para os versos no seu Tríptico Vicentino.[2]

Referências

  1. Fontes, Manuel de Costa (2000). «6». Gil Vicente's Remando Vão Remadores and Barca Bela (em inglês) 1 ed. Nova Iorque: State University of New York. p. 93 
  2. «Tríptico Vicentino». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 23 de julho de 2015 
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Gil Vicente e as suas obras
Gil Vicente
Biografia de Gil Vicente  · Contexto histórico  · Legado
Livro primeiro - Obras de Devoção
Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502)  · Auto Pastoril Castelhano (1502)  · Auto dos Reis Magos (1503) · Auto da Sibila Cassanda  · Auto da Fé (1510)  · Auto dos Quatro Tempos  · Auto de Mofina Mendes (1534) · Auto Pastoril Português (1523)  · Auto da Feira (1527)  · Auto da Alma (1508)  · Auto da Barca do Inferno (1516)  · Auto da Barca do Purgatório (1518)  · Auto da Barca da Glória (1519)  · Auto da História de Deus (1527)  · Diálogo de uns Judeus e Centúrios sobre a Ressurreição de Cristo Auto da Cananea (1534)  · Auto de São Martinho (1504)
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Livro quarto - Farsas
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