Crise hídrica em Vitória da Conquista

Histórico de volume armazenado na Barragem de Água Fria

A crise hídrica em Vitória da Conquista em 2015-2016 foi um evento ocorrido em maior expressão ao longo do anos de 2015 e 2016 por conta da seca e escassez de chuvas na região onde ficam localizadas as barragens de Água Fria I e II. Dessa forma, em maio de 2016, a EMBASA deu inicio o racionamento de água mais longo na cidade, dando fim ao mesmo em julho de 2017,[1] após o atingimento de 100% da capacidade de armazenamento de água das barragens.[2] As barragens alcançaram níveis de segurança devido ao funcionamento da adutora do rio Catolé e fortes chuvas não esperadas para o período[3] O racionamento de água na cidade se iniciou em 23 de maio de 2016, e teve como objetivo garantir que o abastecimento de água no município e região. Essa ação se deu por conta da escassez de chuvas, que acabou reduzindo o volume de água nas barragens de Água Fria I e II.

Para conseguir sucesso no racionamento, os bairros e localidades rurais das cidades foram divididas em dois grupos: A e B, e passaram a receber água em dias alternados, por períodos de três dias consecutivos para cada grupo, sendo que a EMBASA divulgava os calendários de abastecimento para que a população pudesse se planejar e se adequar ao racionamento. No início do racionamento, os mananciais Água Fria I e II ofertavam apenas 13 mil litros de água por dia, mas para atender a demanda da cidade, seriam necessários 48 mil litros, e estavam com 2,6 bilhões de litros de água acumulados, o que corresponde a 39% de sua capacidade total de acumulação. A adutora do Catolé já chegou a ser responsável por 45% da água distribuída na cidade, porém com a falta de chuva, representava apenas 20% da oferta.

Investimentos para o abastecimento

A Embasa é a campeã de queixas no Procon, além de ser uma das empresas que mais faturam no município e nos últimos 20 anos a empresa não fez investimentos significativos em abastecimento de água no município. Desde a entrega das barragens de Água Fria I e II, pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães, em 1998, a única obra de destaque foi a adutora do Rio Catolé, quando, segundo a Embasa, foram investidos R$ 33 milhões. A decisão para a implantação emergencial da adutora veio em plena crise hídrica, já com o racionamento em andamento. A obra começou em 2013 e nos oito anos anteriores, o investimento da Embasa em água para Vitoria da Conquista foi, praticamente, zero.

A Adutora do Rio Catolé representou quase metade do total de R$ 77.356.167,00 investidos pela Embasa em água, no período de 2006 até 2015. Dos investimentos totais da empresa no município (R$ 102.174.975,24), a adutora significa 1/3 do que a Embasa aplicou em dez anos. No ano passado, a empresa deu sinais de que retomaria os investimentos, que só foram confirmados este ano, depois da assinatura de um convênio de dois anos com a prefeitura e de pressão feita pelo prefeito Herzem Gusmão.

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS,[4] de acordo com as informações passadas pela Superintendência de Operações da Região Sul da Embasa, à qual o escritório de Vitória da Conquista responde, serão investidos este ano na cidade cerca de R$ 10 milhões na expansão de rede. Serão R$ 4,7 milhões em construção de elevatórias e reservatórios de água para reforçar o abastecimento em bairros mais distantes, e mais R$ 4,3 milhões na implantação de uma adutora auxiliar no Rio Gaviãozinho, para transportar água até a estação de bombeamento no Rio Catolé e de lá até a Barragem Água Fria II. Serão 3,6 km de extensão, com tubulações de 400 mm de diâmetro e duas estações de bombeamento de água bruta entre a confluência do Rio Gaviãozinho com o Rio Catolé.

De acordo com o SNIS, o faturamento da Embasa em Vitória da Conquista em 2015 foi R$ 77.982.486,45. No período de 2006 a 2015, o total faturado foi R$ 480.313.447,72. Em dez anos, o crescimento médio do faturamento da empresa no município foi de 12% ao ano.

Somados os valores da série histórica de dez anos, o investimento total da Embasa foi de R$ 102.174.975,24. Considerando apenas os investimentos em água o valor alcança R$ 77.356.167,00, dos quais 82,46% de recursos próprios: R$ 63.788.738,43. Este valor representa 13,28% do faturamento da Embasa no período referenciado. Nestes dez anos, a empresa não fez qualquer investimento em água (ou não informou ao SNIS) em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2012. Em 2011, o investimento em água para Vitória da Conquista, conforme registrado no sistema do Ministério das Cidades, a partir de informações da própria Embasa, foi de R$ 157.000,00. No ano seguinte (2012), o município passou a enfrentar racionamento no abastecimento de água (depois de 14 anos), o que se repetiu em 2013 e voltou a acontecer no ano passado, permanecendo até hoje, sem previsão de acabar.

Segundo a EMBASA, a implantação de uma adutora no Rio Gaviãozinho e a ampliação da capacidade de distribuição de água para os bairros mais afastados e mais altos da cidade devem levar 18 meses e seus efeitos só serão percebidos, provavelmente, no meio do próximo ano. Já a barragem do Rio Catolé, vista como a solução para o problema por, pelo menos, 20 anos, está com a sua licitação em andamento, com apresentação das propostas prevista para o dia 18 de abril. Se tudo correr bem, a obra, orçada em R$ 181.320.126,85, poderá começar no início do segundo semestre deste ano, com prazo de 33 meses. Considerando tudo o que tem de ser feito para que o conquistense se beneficie da barragem do Rio Catolé, ela servirá à cidade no meio do ano de 2020.[5]

Fim do racionamento

Capacidade atual[quando?] da Barragem de Água Fria

Após o nível da barragem de Água Fria II ter chegado a 100%,[6] além da conclusão das obras da adutora do Gaviãozinho, o governador Rui Costa anunciou no dia 11 de julho de 2017 o fim do racionamento de água em Vitória da Conquista, sendo que as manobras para o fim da distribuição alternada de água na cidade do sudoeste da Bahia começaram no dia seguinte.No final do mês de junho, a Embasa informou que o racionamento continuaria e até divulgou na internet um novo calendário de abastecimento revezado, que seria entregue impresso à população neste mês de julho. Contudo, com o fim do racionamento, a população da cidade não vai mais ter a distribuição de água alternada.

Antes do anúncio do governador, a Embasa já havia revelado que por conta das chuvas que estão caindo na região, os níveis de água nas barragens Água Fria I e II, que ficam em Barra do Choça, também no sudoeste da Bahia, e que abastecem Vitória da Conquista, estavam melhores. Além das barragens, a Embasa informou que a construção da adutora do Gaviãozinho, em Vitória da Conquista, passará por fases de testes nos próximos três meses. Segundo a empresa, o empreendimento pode representar um incremento de 30% no volume de água para o Sistema Integrado de Abastecimento de Água (SIAA) de Vitória da Conquista. A medida também vai proporcionar a recuperação gradativa e manutenção dos níveis de segurança do Sistema de barragens de Água Fria I e II.[7]

Referências

  1. «Com aumento no volume das barragens, governador anuncia fim do racionamento de água em Vitória da Conquista». G1 
  2. «Blog da Resenha Geral  » Arquivo do Blog  » Depois de mais de um ano, chega ao fim o racionamento de água em Conquista». www.blogdaresenhageral.com.br. Consultado em 20 de outubro de 2017 
  3. «Embasa». www.embasa.ba.gov.br. Consultado em 25 de outubro de 2017 [ligação inativa]
  4. «SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento» 
  5. «Falta d'água: Atraso em investimentos da Embasa piorou efeitos da seca em Vitória da Conquista» 
  6. «Olho n'água». olhonagua.insa.gov.br. Consultado em 21 de novembro de 2017 
  7. «Com aumento no volume das barragens, governador anuncia fim do racionamento de água em Vitória da Conquista». G1 
  • v
  • d
  • e
Desastres naturais no Brasil
Inundações
Secas
Ondas de calor
Sismos
Endemias
Tornados
Outros
  • Página de categoria Categoria
  • Commons Commons
  • Portal Portal
  • Portal da Bahia
  • Portal da meteorologia