Eu sou eu e minha circunstância

Ortega y Gasset na década de 1920.

"Eu sou eu e minha circunstância" é a parte mais famosa da frase "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", de autoria do filósofo espanhol José Ortega y Gasset e publicada originalmente no introito de sua obra inicial, Meditaciones del Quijote, de 1914.

A primeira parte dessa frase, "Eu sou eu e minha circunstância", encerra uma concepção do homem como um "eu-circunstância", indissociável do seu meio.[1] Dito de outro modo, o "eu" é distinto da realidade à sua volta, mas inseparável desta.[2] Já a segunda parte da frase, "se não salvo a ela, não me salvo a mim", exprime a ideia de que o homem que "quiser salvar-se deverá também salvar sua própria circunstância", isso é, a realidade à sua volta.[1] Implicitamente, ela subordina a melhoria da condição do homem à sua ação, em contraposição à ideia de melhoria por meio da omissão.[3]

Por vezes descrita como "a mais sensacional síntese filosófica que um pensador tenha conseguido" depois da máxima "Penso, logo existo", de René Descartes, é a mais famosa frase de Ortega y Gasset.[3] Embora possua uma ressonância cristã, no apelo à salvação, ela não possui qualquer cunho religioso; nela, a salvação possui "uma conotação metafísica e a pressuposição de que a transitoriedade da vida humana é aparente".[3]

Referências

  1. a b Magalhães et al. 2018, p. 58.
  2. Santos 1998, p. 62.
  3. a b c Cordeiro 2008.

Bibliografia

  • Cordeiro, Nivaldo (2008). «Ortega y Gasset e as circunstâncias». Nivaldo Cordeiro: Um espectador engajado. Consultado em 20 de março de 2020. Cópia arquivada em 29 de agosto de 2019 
  • Magalhães, Carlos Kildare; Silva, Fernando Antônio da; Caldeira, Guilherme (2018). «A circunstância em José Ortega y Gasset: aproximações ao inconsciente junguiano». Psicologia USP. 29 (1): 58-66. doi:10.1590/0103-656420170080. Consultado em 20 de março de 2020 
  • Santos, Vilson Ribeiro (1998). «O homem e sua circunstância: introdução à filosofia de Ortega y Gasset» (PDF). Μετανόια (1): 61-64. Consultado em 23 de março de 2020 

Ver também