Revista Quixote

Revista Quixote (dezembro de 1947 – agosto de 1952) foi uma revista literário-cultural de Porto Alegre, bastante centrada na poesia e dependente do trabalho de vários poetas e poetas-críticos, sendo a mesma de fundamental importância para a cultura do Rio Grande do Sul no período de sua existência, apesar de haver publicado apenas cinco edições. Tendo divulgado poemas, textos de prosadores e ensaios, foi muito elogiada por nomes como Otto Maria Carpeaux, que ofereceu-se para colaborar com a publicação, a qual teve como primeiro redator-chefe Paulo Hecker Filho, participando da direção ainda o membro da ABL Raymundo Faoro[1] e o poeta Sílvio Duncan [2], tendo Paulo Hecker sido substituído posteriormente por João Francisco Ferreira.


Nas páginas da revista, confundida inicialmente com o grupo de mesmo nome, que lhe dá origem, o qual teria surgido em 1946 e foi batizado pelo crítico Guilhermino César, mentor dos jovens artistas, artistas e ensaístas como Faoro e Wilson Chagas (idealizadores do grupo, conforme Vitor Biasoli na obra Grupo Quixote: história e produção poética) usam de um aparato moderno ou modernista para análise da literatura do extremo sul do Brasil, aplicada a trabalhos como o de Simões Lopes Neto, trazendo o grupo idéias que buscavam afastar a literatura daquele Estado do regionalismo e dos temas locais muito em voga ainda, pretendendo afastar-se do marasmo imperante entre a classe intelectual rio-grandense da época. Estudando temas e autores universais e brasileiros tais como Herman Hesse, Sartre, Kafka, Tristão de Athayde e Carlos Drummond de Andrade, o trabalho e as idéias do grupo contaram com a aprovação de nomes como Érico Veríssimo, e a simpatia de nomes como o próprio Guilhermino César , Lêdo Ivo e Dalton Trevisan, entre outros.


Como membros ou colabores muito lembrados do grupo ainda podemos citar Josué Guimarães[3], o poeta Heitor Saldanha, considerado por alguns autores como um dos grandes poetas modernos ou modernistas do Rio Grandedo Sul[4] , o poeta modernista e pintor de vanguarda Pedro Geraldo Escosteguy [5](colaborador de O Cruzeiro e outros órgãos de imprensa, autor do anti-conto e de haikus quando esta prática era pouco conhecida no Brasil) e o poeta e crítico de arte Clóvis Assumpção, o poeta e ativista cultural Gilberto Wallace Battilana entre outros.


Apesar da curta duração da revista, o mesmo grupo criador da revista ainda agregaria outros nomes significativos para a cultura brasileira e teria outras revistas como suas porta-vozes. Em 1952, ano da última edição da revista, o grupo de tornaria uma associação com regime estatutário.

Fontes

  • Biasoli, Vitor. Grupo Quixote: história e produção poética. EDIPUCRS. 1994.[6]
  • Delfos - Espaço de Documentação e Memória Cultural. PUC. Porto Alegre. RS. Verbetes Pedro Geraldo Escosteguy e Paulo Hecker Filho.[7] [8]
  • Josué Guimarães. Vida e Obra. LP&M.
  • Miranda, Antonio. Paulo Hecker Filho. Site de Poesia Ibero-americana. 2009, revisto em 2013.
  • Equipe do Plano Municipal de Cultura. prefeitura Municipal de Porto Alegre. 19 de junho de 2013.

Referências

  1. «Equipe do Plano Municipal de Cultura. prefeitura Municipal de Porto Alegre. 19 de junho de 2013.». Consultado em 16 de março de 2014. Arquivado do original em 16 de março de 2014 
  2. Silvio Duncan. Site de Poesia Ibero-americana. 2009, revisto em 2013.
  3. Josué Guimarães. Vida e Obra. LP&M.
  4. Entrevista com Ronald Augusto. Algaravária - Inédita Dissonância. 10/06/2006
  5. Miranda, Antonio. Pedro Geraldo Escosteguy. Site de Poesia Ibero-americana. 2009, revisto em 2013.
  6. Referência em Repositório Digital, UFRGS. Prestes, Felipe Nascimento. Crucial : literatura e idealismo em Porto Alegre (1951-54). 2009.
  7. Paulo Hecker Filho. Delfos - Espaço de Documentação e Memória Cultural. PUC. Porto Alegre. RS.
  8. Pedro Geraldo Escosteguy. Delfos - Espaço de Documentação e Memória Cultural. PUC. Porto Alegre. RS.
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