Série 0400 da CP

Série 0400
Série 0400 da CP
Automotora da série 0400 numa estação da Linha do Minho, em 1998.
Descrição
Propulsão Diesel
Fabricante SOREFAME
Locomotivas fabricadas 19
Características
Bitola Bitola Ibérica
(1668 mm)
Tipo de combustível Gasóleo
Tipo de transmissão Hidráulica
Performance
Velocidade máxima 110 km/h
Operação
Ferrovias que operou Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
Local de operação Linha do Minho
Linha do Douro
Ano da entrada em serviço 1965-1966
Situação Convertida na Série 450
 Nota: Este artigo é sobre a antiga série de automotoras a gasóleo. Se procura a antiga série de locomotivas a vapor, veja Série 401 a 406 da CP.

A Série 0400, igualmente conhecida como Rolls Royce, refere-se a um tipo de automotora, que esteve ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e da da sua sucessora, a transportadora Comboios de Portugal, entre 1965 e 2001. Foram convertidas na Série 0450.[1]

História

Automotora da Série 0450, na Estação de Bifurcação de Lares, em 2007.

Foram construídas em 1965, nas instalações da empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, sob licença da companhia americana Budd.[1] Começaram a entrar ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses ainda nesse ano.[2]

Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que em 24 de Agosto do ano anterior tinham sido iniciada a circulação de automotoras ao longo da Linha do Douro, com carreiras rápidas, regulares e extraordinárias, o que permitiu uma melhoria considerável nas condições do serviço, principalmente em termos de velocidade.[3] Esta medida teve um grande sucesso entre os passageiros, especialmente os da zona do Porto, uma vez que pela primeira vez foi possível fazer a viagem completa de ida e volta ao longo de toda a Linha do Douro num só dia, utilizando o serviço rápido.[3] Com efeito, nestes comboios rápidos registou-se, entre 24 de Agosto de 1967 e 31 de Maio de 1968, o total de 54.607 passageiros no sentido ascendente, e 35.839 no descendente.[3] Os serviços extraordinários de automotoras foram organizados como parte dos programas de excursões ao longo da linha, e também tiveram uma grande procura, tendo sido feitas catorze excursões entre 5 de Março de 1967 e 2 de Agosto de 1968, que transportaram 1935 passageiros.[3] Além dos serviços que circulavam apenas ao longo da Linha do Douro, também foram criadas carreiras de automotoras entre o Porto e Salamanca, retomando os serviços directos entre as duas cidades que tinham sido interrompidos pela Segunda Guerra Mundial.[3] Porém, apesar das automotoras permitirem velocidades superiores aos antigos comboios rebocados por locomotivas a vapor, o tempo de percurso era inferior ao de 1939, devido às deficientes condições em que se encontrava a via férrea a oriente de Foz-Tua.[3]

Em 1994, a revista Maquetren noticiou que já se encontrava a ser planeada a remodelação das automotoras desta série, nas oficinas de Custóias da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, intervenção que iria abrangir os interiores, e a substituição dos motores originais, por uns mais recentes, fabricados pela Volvo.[4] Estava igualmente prevista a construção de um protótipo para a operadora Caminhos de Ferro Portugueses.[4] Os trabalhos de remodelação foram feitos entre 1994 e 1995, e incluíram a alteração dos separadores de madeira por uns de vidro, a introdução de novas cortinas, assentos, e painéis laterais, de cores diferentes dos anteriores.[5] Também foi eliminado um dos lavabos, de forma a colocar mais lugares sentados, e alteradas as fontes de luz, de forma a produzir mais iluminação. Nas cabinas de condução, o esquema de cores também foi alterado, e foi suprimida a cadeira para o ajudante, e a do condutor foi substituída por uma mais ergonómica.[5]

Posteriormente, todas as unidades desta série foram novamente remodeladas, tendo então sido reclassificadas como Série 0450.[2]

Descrição

A série era composta por dezanove automotoras a gasóleo de via larga, numeradas de 401 a 419.[1]

Originalmente, as superfícies exteriores estavam totalmente cobertas de placas metálicas, de cor cinzenta.[5] Estas placas eram de forma corrugada, excepto nas cabinas, onde eram lisas.[5] Após a remodelação de 1995, as zonas frontal e traseira de cada unidade passaram a estar cobertas com placas metálicas em tons azuis, de superfície lisa, enquanto que as zonas laterais ao longo das automotoras, junto às janelas, foram pintadas com os mesmos tons azuis.[5] Duas faixas vermelhas horizontais foram pintadas de forma a rodear totalmente as automotoras, a rematar as zonas em azul junto às janelas.[5]

Os serviços efectuados por estas automotoras foram a ligação internacional entre Porto e Vigo, comboios especiais até Santiago de Compostela e Corunha, Regionais na Linha do Minho e no Ramal de Braga,[5] serviços rápidos e regulares na Linha do Douro, e as ligações entre o Porto e Salamanca, através da Linha de Barca de Alva.[3]

Ficha técnica

Exploração

  • Ano de Entrada ao Serviço: 1965 / 1966[5]

Dados gerais

  • Nº de Unidades Construídas: 19[2]
  • Velocidade Máxima: 110 km/h[2]
  • Bitola de Via: 1668 mm[5]
  • Distribuição dos assentos:
    • Primeira classe: 2+2[5]
    • Segunda classe: 3+2[5]

Fabricantes

  • Motores de Tracção: Rolls Royce[5]

Motor de tracção

  • Tipo: Diesel-hidráulico[2]
  • Potência: 382 Kw (520 Cv)[5]
  • Quantidade: 2[5]
  • Número de tempos: 4[5]
  • Sobrealimentação: Holset Engineering 4[5]
  • Esforço de tracção:
    • No arranque: 6600 kg[5]

Transmissão de movimento:

  • Tipo: Hidráulica[5], com 2 caixas hidráulicas DFRU - 11500 1

Lotação

  • Passageiros sentados:
    • Primeira classe: 40[2]
    • Segunda classe: 145[2]

Referências

  1. a b c BORGES et al, 2017:37
  2. a b c d e f g «CP withdrawn trainsets and motor cars» (em inglês). Railfaneurope. 8 de Janeiro de 2022. Consultado em 1 de Março de 2011 
  3. a b c d e f g «A Linha do Douro e as ligações com a Espanha» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). Lisboa. 16 de Agosto de 1968. p. 95. Consultado em 31 de Dezembro de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  4. a b BRAZÃO, Carlos (1994). «Noticias». Maquetren (em espanhol). Ano 3 (28). p. 63 
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r BRAZÃO, Carlos (1995). «Reforma de las 400». Maquetren (em espanhol). Ano 4 (37). Madrid: A. G. B., s. l. p. 10-12 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Série 0400 da CP

Bibliografia

  • BORGES, Judith Borges, ed. (2017). Caminho de ferro: Gentes e memórias. Lisboa: CTT e Clube do Coleccionador dos Correios. 271 páginas. ISBN 978-972-8968-88-5 

Ligações externas

  • «Página com fotografias da Série 0400, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 0400, no sítio electrónico Trainlogistic» 


  • v
  • d
  • e
Material motor ferroviário em Portugal
Tipologia ↓ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica:
IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v.
← Tracção
Estado → em serviço fora de serviço (ou uso ocasional) em serviço Bitola
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.)
automotoras 592 remodelados M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 1001 Z1 2000 2050 2080



ABm1-18

remodelados 2300 2400 3400 3500 4000 1668 mm
(ibérica)
VIP
0350
0450
0300
←0400
 2100⎫ 
2150⎬ 
2200⎭ 
⎰*3100
⎱*3200

2240

3150*
3250*
9630 9500
 
9700─╮
9400←╯
ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 (Vale do Lima) (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) 1000 mm
(métrica)
locomotivas 9000 9020 Lydya
E1 E21 E31 E41 E51 E61 E71 E81 E91 E101 E111 E121 E131 E141 E151 E161 E181 E201 1-2
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 1300 1320 1550 1800 1960
D. Luiz S. Inauguração 001 01 1 09 011 17 021 21 031 32 41 041 41 070 71 81 91 101 103 110 141 151 175 181 0151 0181 0201 201 211 221 261 281 291 301 351 401 501 551 601 701 751 801 831 851 951 2068 01002 1008 2000 02012 02049 2133 51 (BA) 11 (CFE)
2500 2550 3300* 2600 2620 4700 5600 1668 mm
(ibérica)
locotratoras 1150 1000 1020 1050 1100 005
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos)
bondes
STCP101 STCP112 STCP115 STCP120 STCP150 STCP249 STCP250 STCP266 STCP300 STCP350 STCP404 STCP500
STCP200 STCP270 STCP280 1435 mm
(padrão)
automotoras ML7 ML79 ML90 ML95 ML97 ML99 ML200
LRVs, articulados MP000 MP100 MP200 C000
CCFL501 CCFL601 900 mm
bondes TUB1
CCFL203 CCFL283 CCFL284 CCFL323 CCFL343 CCFL363 CCFL389 CCFL400 CCFL403 CCFL475 CCFL500 CCFL508 CCFL532 CCFL552 CCFL601 CCFL613 CCFL736 CCFL761 CCFL801 CCFL806 CCFL901 TUB01
CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737
(PdV-VdC) (CCFTNA) (CFPLER) SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 (CSA) 1000 mm
(métrica)
locomotivas CSA 23074 (Pomarão)
(Transpraia) (P.d’El-Rei) (Mira) (CFPL) 600 mm
(JAPH) N0(JAPPD) 2140 mm
Estado → em serviço fora de serviço em serviço Bitola
Tipologia ↑ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica ← Tracção
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes
  • Portal de Portugal
  • Portal ferroviário
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